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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 885-1

885-1

ANÁLISE TEMPORAL DO PERFIL DE SENSIBILIDADE ÀS FLUOROQUINOLONAS EM AMOSTRAS DE LEITE PROVENIENTES DE VACAS COM MASTITE NA REGIÃO SERRANA DE SANTA CATARINA

Autores:
Heloísa Kleinschmidt Rincon (UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina) ; Laura Steinck Matos (UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina) ; Giovanna Geraldi Jorgi (UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina) ; Lara Tarasconi (UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina) ; Sandra Maria Ferraz (UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina)

Resumo:
A mastite bovina, uma das principais infecções da bovinocultura de leite, é causada principalmente por bactérias, sendo que o uso de antimicrobiano para o tratamento deve ser feito de forma muito cautelosa, uma vez que o leite é utilizado para consumo humano e o resíduo de antimicrobianos nesse produto pode acarretar na seleção de microrganismos multirresistentes na microbiota do trato gastrointestinal humano. As fluoroquinolonas são um grupo de antimicrobianos amplamente utilizados pela medicina veterinária para tratamento de infecções bacterianas, principalmente a enrofloxacina, que possui uso exclusivamente veterinário. Assim, o objetivo desse estudo foi verificar o perfil de sensibilidade as fluoroquinolonas em bovinos com mastite na região serrana de Santa Catarina entre 2015 e 2019. Nesse estudo foram analisadas 682 amostras de leite bovino recebidas no Centro de Diagnóstico Microbiológico Animal (CEDIMA) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) entre 2015 e 2019, as quais foram submetidas ao teste de sensibilidade as fluoroquinolonas, sendo eles: norfloxacina (NOR), enrofloxacina (ENO), ciprofloxacina (CIP), marbofloxacina (MBF) e levofloxacina (LVX). Considerando todas as amostras avaliadas, 16,8% (112/665) foram resistentes a ENO, 11,4% (75/660) a CIP, 10,3% (68/661) a LVX, 9,8% (65/664) a MBF e 9,2% (57/621) a NOR. Nesse mesmo período, 34,6% (236/682) das bactérias apresentaram resistência a pelo menos um antimicrobiano da classe das fluoroquinolonas, sendo que em 2015 esse valor foi de 7,4% e em 2019 foi de 31,8%, indicando aumento na resistência dos microrganismos no decorrer dos anos. Quando analisado o uso das fluoroquinolonas separadamente entre bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, observou-se resistência de 18,8% (115/613) nas Gram-positivas e 30,4% (21/69) nas Gram-negativas a no mínimo um antimicrobiano da classe. Tal fato é importante, pois as recomendações a respeito do uso das fluoroquinolonas é que, a partir do momento que o microrganismo apresenta resistência a pelo menos um representante da classe, não se deve utilizar nenhum, mesmo apresentando sensibilidade in vitro. Das espécies identificadas, as bactérias que apresentaram maior resistência as fluoroquinolonas foram: Streptococcus agalactiae (15,8%), Staphylococcus aureus (11,8%) e Streptococcus dysgalactiae (8,8%), sendo que a maior resistência foi à enrofloxacina, antimicrobiano mais utilizado no âmbito veterinário e que teve crescimento em sua resistência de 2,7% em 2015 para 19,2% em 2019, seguido da norfloxacina com aumento de 1,3% para 11% entre os mesmos anos. Estes dados apontam aumento crescente na resistência das bactérias isoladas aos antimicrobianos testados, principalmente a enrofloxacina. Isso reforça a importância do uso moderado desses medicamentos e a relevância de haver levantamentos sobre a ocorrência de resíduos de antimicrobianos no leite, sendo este um produto altamente consumido e sabendo-se que a presença de resíduos em alimentos está intimamente relacionada ao aumento da resistência antimicrobiana nos seres humanos.

Palavras-chave:
 Enrofloxacina, Mastite, Norfloxacina, Resistência antimicrobiana